Erica Castelo – CEO da The Soul Factor, empresa de Executive Search, sediada nos EUA com atuação internacional, especializada em encontrar talentos para organizações multinacionais, digitais ou em transformação digital. Erica estará participando do WorkConference RH no dia 18 de Fevereiro, o tema de sua palestra será “tendências de RH para 2022: o que a alta liderança espera do setor – e qual é o papel da gestão de pessoas nesse cenário?”.
Confira seu artigo sobre as Prioridades dos líderes de RH em 2022:
Para lidar com tantas mudanças ocasionadas pela Era Digital e aceleradas pela pandemia, sem dúvida os líderes de RH precisarão adotar estratégias mais robustas, ágeis e inovadoras do que nunca.
Por conta disso, a consultoria de tecnologia Gartner realizou uma pesquisa com mais de 500 líderes de RH das mais variadas indústrias em mais de 60 países diferentes, para chegar às suas prioridades e desafios para 2022.
Os resultados mostram dados inusitados, uma verdadeira revolução na mentalidade dos líderes, ocasionada pelas “dores” das transformações mundiais, que hoje direcionam as prioridades no RH. Era impensável, há alguns poucos anos atrás, imaginar que 92% dos líderes pesquisados esperam que alguns colaboradores trabalhem no formato remoto. Também impressionante é constatar que mais da metade deles (51%) se preocupa de alguma maneira com o turnover “nos próximos meses”, e que hoje 76% dos trabalhadores e candidatos observam a diversidade quando avaliam as empresas e propostas de trabalho.
Diante desse cenário, as prioridades elencadas pelos líderes de RH pesquisados foram:
Prioridade#1: Construção de Habilidades Críticas
Citando como prioridade por 59% dos líderes de RH. Esse fato revela uma “dor” latente nas organizações: o descompasso entre as novas necessidades de habilidades que surgem a cada momento e o quão ágil o RH consegue ser para prover soluções para desenvolvê-las. Enquanto isso, um mar de candidatos é eliminado massivamente de processos. Um processo clássico de cientistas de dados pode eliminar, por requisitos, assustadores 98% dos candidatos – certamente deixando qualquer RH de cabelos em pé – e revelando uma realidade frustrante também aos candidatos, que se sentem distantes das competências exigidas.
A solução para esse quadro exige esforços de aprendizagem constantes por parte das empresas e colaboradores. Mas, uma coisa é certa: as empresas precisam focar a busca de talentos nas habilidades necessárias para os trabalhos, e não cargos; assim, elas terão um pool de talentos mais adaptável e versátil.
Prioridade #2: Gestão da Mudança
Top prioridade por 48% dos respondentes, é resultado da fadiga dos colaboradores após tantas mudanças sentidas, prejudicando a saúde mental e afetando os resultados desejados em performance.
Enquanto a única certeza futura é que o mundo continuará mudando constantemente, cabe ao RH o papel de agir como catalisador positivo dessas mudanças.
Ao promover uma experiência positiva de mudança junto às pessoas, o RH cria mais confiança e coesão entre os times que lidam diariamente com as incertezas e alterações de rota. A saúde e resiliência viram a bola da vez, e pensar na saúde de maneira mais completa torna-se essencial: da física, financeira e mental até a saúde dos relacionamentos de trabalho e no ambiente corporativo como um todo.
Sem dúvida, junto à pandemia, chega a consciência de que ambientes e relações tóxicas não serão tolerados, e os colaboradores passam a também avaliar as empresas nesse sentido, contribuindo para o movimento da “Grande Resignação”, onde mais de 40% dos trabalhadores mundiais pensam em mudar de emprego nos próximos meses.
Prioridade #3: Banco de talentos de liderança atuais e futuros
Escolhido como prioridade por 45% dos líderes de RH, essa preocupação com os talentos evidencia o sentimento comum de que as lideranças de nível médio não estão sendo desenvolvidas adequadamente – um verdadeiro fantasma que assombra o futuro das organizações.
Em paralelo, existe uma falta de confiança por parte dos funcionários, que não sentem seus líderes capazes de navegar bem as crises. Essa falta de confiança na liderança é também enfraquecido pela falta de diversidade, que pouco inspira os colaboradores: outro estudo da Gartner mostra que apenas 10% das posições corporativas seniors são compostas por mulheres advindas de minoria racial ou étnica, e 18% por homens provenientes de minoria.
Essa equação precisa de mais equilíbrio para facilitar o exercício da empatia na liderança, onde os gestores passam a serem mais preparados a atuar como coaches, promovendo culturas onde pessoas são mais valorizadas do que processos, com transparência, mentalidade de crescimento e contextualização de diferentes realidades.
Prioridade #4: O Futuro do Trabalho
Quase metade dos executivos de RH entrevistados (49%) elegeram o Futuro do Trabalho como prioridade, dizendo que não tem uma estratégia explícita para isso.
O problema é que a pandemia causou disrupção no planejamento, e as empresas ainda se sentem perdidas para definir quais ajustes imediatos ou de longo prazo na força de trabalho precisam ser feitos como resultado dessas transformações. Dentre as tendências mais fortes pós pandemia (como trabalho remoto, uso de dados, resiliência, humanização, e por aí segue a lista), os líderes precisam eleger as tendências mais relevantes para o seu negócio, para então realizarem o planejamento estratégico em cima desses pilares.
É preciso capacidade analítica para simular o impacto de múltiplos potenciais cenários e se preparar para mudanças no campo tecnológico, social e de trabalho que poderão alterar as necessidades de perfis de talentos, constantemente.
Prioridade #5: Diversidade, Equidade e Inclusão
Escolhido por 36% dos líderes de RH, essa questão aponta para a triste realidade da baixa diversidade dentro do pipeline de talento das empresas – diversidade essa que vai minguando quando se sobe na hierarquia da liderança. Segundo a pesquisa, a presença de mulheres cai de 56% nos cargos operacionais para 29% em C Level, enquanto outras minorias raciais caem de 31% para 17% em C Levels. Tão grave quanto essa questão é a falta de engajamento da liderança.
Mais do que uma conscientização coletiva difusa na organização, é preciso approaches concretas para mudar a realidade das decisões relativas aos talentos. Aqui falamos do uso de dados, que pautam estratégias customizadas aos líderes na tomada de decisões focadas nos objetivos de DE&I.
Os desafios são grandes, mas os resultados positivos podem ser exponenciais, se essas prioridades elencadas realmente se tornarem o topo da agenda dos líderes de RH em 2022. Isso marcará as organizações resilientes – ponto chave para as empresas da Era Digital.